Imagine um bilionário norte-coreano, apaixonado por futebol, decidindo investir em dois clubes brasileiros: Clube Esportivo Nova Esperança (MS) e Atlético Sorocaba (SP). Esse interesse surgiu através do reverendo Sun Myung Moon, fundador da Igreja da Unificação, que tinha uma forte presença no Brasil desde os anos 90. Com um investimento de 20 milhões de reais, o Nova Esperança saltou da terceira divisão para a primeira divisão do estado, e um centro de treinamento de alta qualidade foi construído, abrigando até a seleção da Argélia durante a Copa do Mundo de 2014.
Antes da Copa do Mundo de 2010, a Coreia do Norte decidiu realizar um amistoso para apresentar sua seleção. E quem foi o convidado? O Atlético Sorocaba! O reverendo Moon intermediou o convite, e em novembro de 2009, o time de Sorocaba embarcou para o país mais fechado do mundo.
Ao chegarem no aeroporto, os jogadores tiveram seus telefones e passaportes confiscados por militares e foram obrigados a saudar a imagem do imperador. Um choque cultural e tanto, não é?
Um dia antes do jogo, os jogadores foram fazer o reconhecimento do gramado e ficaram impressionados com o tamanho do estádio. Mas a verdadeira surpresa veio no dia do jogo: 80 mil pessoas lotaram o estádio, com mais de 30 mil do lado de fora. Os jogadores não entendiam por que havia tantos espectadores para um simples amistoso. Tudo fez sentido quando entraram em campo e viram no placar “PRK VS BRA”. Todos estavam ali para assistir à partida contra a “Seleção Brasileira”.
Os jogadores do Atlético Sorocaba viveram uma experiência única e, muitas vezes, tensa na Coreia do Norte. Eles estavam constantemente sob vigilância e enfrentaram uma arbitragem bastante parcial. A pressão de jogar em um estádio lotado, com a expectativa de representar a “Seleção Brasileira”, foi imensa. No entanto, eles também relataram momentos de curiosidade e aprendizado sobre a cultura norte-coreana.
O primeiro amistoso, realizado em novembro de 2009, terminou empatado em 0 a 0. Nos anos seguintes, o Atlético Sorocaba voltou à Coreia do Norte para mais dois amistosos, em 2010 e 2011, ambos terminando em derrota por 1 a 0.
Depois desse evento inesquecível, o Atlético Sorocaba voltou à Coreia do Norte mais três vezes. Nessa “Seleção” estavam presentes o técnico Fernando Diniz, que hoje conduz a Seleção Brasileira, o atacante Luan, famoso “Menino Maluquinho”, e o meia Chico, que atualmente está no Mirassol FC. Curiosamente, Chico tem cidadania sul-coreana.
Uma curiosidade interessante é que muitos acreditam que o jogo entre o Atlético Sorocaba e a Coreia do Norte foi tratado como um jogo de seleção para seleção. No entanto, isso pode ser um exemplo do “Efeito Mandela”, onde um grande número de pessoas compartilha uma falsa memória. Na realidade, o jogo nunca foi oficialmente tratado como um confronto entre seleções nacionais. A confusão pode ter surgido devido à propaganda local e à forma como o evento foi apresentado aos espectadores norte-coreanos.
Essa história é um exemplo fascinante de como o futebol pode unir culturas e criar experiências inesquecíveis. Quem diria que um clube do interior de São Paulo viveria uma aventura dessas na Coreia do Norte?
